
é no comum que a gente apanha
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De:
Acerca de esta escucha
a vida não grita,
ela sussurra com a mão fechada.
não é o grande desastre que derruba;
é o barulho do despertadorno dia seguinte.
é escovar os dentes com a alma doendo.é mijar com pressa.é fingir que aquele café amargo dá conta.e a condução cheia.e o corpo vazio.
os dias escorrem pelas frestas dos dias,e a gente nem percebe quando passoumais uma semana.mais um mês.mais um ano.
e a gente ainda aqui,tentando levantar da cama
como quem puxa um corpo mortodo próprio peito.
há uma angústia que não tem nome bonito.é feita de detalhes.é micro.é isso que fere tanto.o micro.
um bilhete que não chegou.um bom dia que não veio.um olhar que desviou.a louça que ninguém lavou.o corpo que ninguém viu.
e a gente caminha.caminha.caminha.e parece que não chega nunca.
viver é, às vezes, sobreviver às pequenezas.porque elas têm dentes.e mordem com calma.
mordem a alma.
rasgam aos poucos.
ninguém prepara a gente pra dor que vem da repetição.da rotina que engole.do silêncio que pesa.da ausência de pausa.
é difícil viver.é difícil…
e ninguém devia sentir vergonha de dizer isso.ninguém devia pedir desculpas por chorarno meio da quinta-feira,num banheiro público,com o papel higiênico tentando secar o que não seca.
há uma poesia triste nisso tudo.mas não é bonito.é só real.é só humano demais.
e hoje, o que dói não é o que aconteceu de grave.é o que aconteceu de simples.
e isso, sim,é o que mais machuca.
porque é no comum que a gente apanha.
@wgonds
Música utilizada: Instrumental de Scalene - Furta-Cor