Nesta edição do magazine "De Bruxelas para o mundo" o foco vai para as relações da União Europeia com o Brasil e a América Latina. O nosso convidado é o português Hélder Sousa Silva. Eurodeputado do Partido Social Democrata e presidente da delegação do Parlamento Europeu para as relações com o Brasil. Bem-vindos a mais uma edição do magazine "De Bruxelas para o mundo...". Todos os meses convidamos uma personalidade das instituições europeias, um especialista ou uma testemunha privilegiada para descodificar a UE e as relações da Europa com os demais espaços geográficos e políticos do planeta.Nesta edição o foco vai para as relações da UE com o Brasil e a América Latina. O nosso convidado é o português Hélder Sousa Silva, Eurodeputado do Partido Social Democrata e presidente da delegação do Parlamento Europeu para as relações com o Brasil. Ele começa por explicar-nos quais vão ser as prioridades desta Delegação nos próximos cinco anos.Primeiro, "De Bruxelas para o mundo...", quero agradecer o convite e enviar um abraço a todos os nossos ouvintes nos quatro cantos do mundo. Tenho o privilégio de chefiar a Delegação UE-Brasil por convicção porque considero que como português e eurodeputado as relações entre Portugal e o Brasil, e em Bruxelas e perante a União Europeia, devem ser ampliadas, devem ser fomentadas e é nesse sentido que aceitei este desafio. Quais são as principais linhas orientadoras? Primeiro, a promoção das relações interparlamentares entre a União Europeia e o Brasil. Nós temos o Parlamento Europeu e o Brasil tem a Câmara Alta e a Câmara Baixa, o Senado e o Congresso Nacional. É essencialmente com o Congresso Nacional que vamos estabelecer pontes, trocar experiências a variadíssimos níveis. Primeiro, a protecção da democracia e do multilateralismo que hoje está em crise. E sabemos que as instituições ligadas ao multilateralismo, particularmente as Nações Unidas, devem ser acarinhadas. É um dos temas. O segundo é as alterações climáticas, o ambiente e a desflorestação. Recentemente, tivemos este tema da desflorestação que liga muito à floresta amazónica e que nós queremos, enquanto compradores de produtos que daí vêm - como a madeira, pasta de papel e outros derivados -, ter a certeza de que não são produtos da desflorestação da Amazónia. Segundo a questão das alterações climáticas que são transversais aos quatro cantos do mundo. O Brasil é um grande país que se assemelha a um grande continente, tem duas vezes a área territorial dos 27 Estados-membros da UE, é duplamente mais extenso e tem metade da população. Como dizia a questão das alterações climáticas e do ambiente é um dos temas. E depois há um tema de que não posso fugir, o acordo UE-Mercosul que a UE anda a perseguir há 20 anos e por motivos vários, até hoje, não foi cumprido e nós gostaríamos muito que fosse durante este mandato. Em relação ao Brasil, e à América Latina em geral, que papel pode desempenhar Portugal nesse aprofundar de relações e troca de experiências de que falou? Em vejo isto como um triângulo virtuoso. Num dos extremos a União Europeia, no outro Portugal e no outro Brasil. Portugal tem sido, é e será, essencialmente pela língua, pela relação histórica que tem com o Brasil... a relação que um português tem com um brasileiro não é de todo - e digo isto abertamente -, uma relação de um colonizador descolonizado, nós falamos de igual para igual. E é nessa relação - uma relação de um campo equilibrado relativamente à língua, trocas comerciais, respeito pela lei e pelos direitos humanos -, que nós devemos dar continuidade ao bom trabalho que tem sido desenvolvido nesta relação também bilateral entre Portugal e Brasil. Portugal tem sido, é e será a porta de entrada primeira dos brasileiros na Europa. E nós queremos que assim seja. Existem bons exemplos. A Embraer, produtora de grandes aviões, de grande qualidade, está neste momento em Portugal a produzir para o resto do mundo e é de base brasileira. Mas há muitas.Mencionou que a UE e os países do Mercosul estão há cerca de 20 anos a tentar fechar um acordo comercial. Pergunto-lhe: o que é que este acordo pode trazer como vantagens para a UE e se está óptimista em relação a uma conclusão das negociações no curto prazo?Se fosse fácil já tinha sido feito. Não é fácil. Essencialmente na área da agricultura. Agricultores maioritariamente de França mas também de outros países - temos um esboço de algum antagonismo em Itália, Áustria, Irlanda, enfim, somos 27 -, e onde tem havido maior dificuldade é em França. Desde que o acordo seja bom para todos e que os agricultores de toda a União Europeia estejam minimamente garantidos como têm sido garantidos até aqui através da Política Agícola Comum... Nós temos neste momento uma grande oportunidade: com o encerrar de fronteiras e o ...
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